SEU NÉ, UM “CAÇADOR DE ÁGUA” NAS TERRAS ÁRIDAS DO NORTE DA BAHIA

Para muitos fazendeiros, agricultores familiares e reassentados pela Chesf, tanto do lado baiano quanto da margem pernambucana do rio São Francisco, a presença de “seu Né” em suas propriedades significa a esperança de matar a sede dos rebanhos e das plantas. Há quem mande carro com motorista até Brejo do Burgo, um povoado de pouco mais de 100 casas no município de Glória, só para apanhar e deixá-lo em casa, depois que ele faz o serviço: indicar o local certo onde escavar os poços e garantir água.

Há mais de seis décadas ele percorre os sertões com gravetos em forma de forquilha ou arames de metal torcidos no formato da letra “e” minúscula. Estes instrumentos simples, toscos até, bastam para que ele identifique quais os pontos, sob o solo da caatinga, onde há água suficiente para viabilizar uma lavoura. Ele tem o dom da radiestesia, a suposta habilidade de perceber o campo eletromagnético dos depósitos subterrâneos de água.

Usamos a palavra “suposta” porque a ciência não comprova se isso é realmente possível. Mas quem contrata seu Né está mais interessado nos resultados práticos do que nas verdades científicas.

Seu nome completo é Manoel Batista da Silva e está com 89 anos. No entanto, mesmo em Brejo da Burgo, poucos o chamam dessa maneira.

Ele nos recebeu em seu sítio, a seis quilômetros do povoado, em pleno Raso da Catarina, uma planície arenosa no norte da Bahia onde caminhar é tão cansativo como na areia fofa da praia. Sozinho, cuidando de um rebanho de aproximadamente 50 cabeças de gado sob um sol do sertão, demonstra uma disposição para o trabalho braçal incompatível com sua idade. No entanto, ao saber que nossa intenção era entrevistá-lo, ele parou o que estava fazendo. O gosto pela conversa, este sim, é totalmente compatível com a de um idoso com muitas histórias para contar.

Nesta foto vê-se uma mão enrugada e suja segurando um bastão. A pessoa está vestindo uma roupa branca, que parece estar um pouco suja. O foco principal está na mão e no bastão, com o fundo desfocado. As unhas da pessoa estão curtas e parecem estar sujas. A textura da pele é visível, indicando trabalho árduo ou idade avançada.

“Posso até ter errado algum poço, mas nunca tomei conhecimento disso, não”, garante, sem nenhuma sombra de falsa modéstia.

No final do século passado, seu Né ainda usava gravetos ou arames que se curvavam em direção ao ponto onde há água. Hoje, ele dispensa esses recursos. “Eu sinto a água, meus nervos sentem, não sei porque nem como isso acontece, só sei que nasci com o dom”. Em novembro, alguns dias antes da entrevista, ele conta que foi levado pelos agricultores de Salgado do Melão, um povoado do município de Macururé, e “locou” – termo que usa para dizer que localizou – 14 poços em reassentamentos da Chesf. “Só quiseram cavar três, deixaram os outros de reserva”, explica, detalhando como funciona sua atividade.

Por cada poço ele cobra R$ 500, mas nem sempre foi assim. Durante os anos em que atuou como sindicalista, ele se recusava a cobrar, pois exercia o cargo de diretor de Convivência com o Semiárido do Pólo Sindical do Vale do São Francisco, uma articulação de dezenas de sindicatos de trabalhadores rurais da Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. Ele considerava que fazia parte de sua missão “locar” poços e treinar outros “caçadores de água” com ajuda das organizações não-governamentais que atuam no semiárido e que, durante a COP-3, criaram a Articulação do Semiárido (ASA).

Ele só perdeu a energia para caçar poços d’água nos anos que se seguiram à morte de sua esposa. “Foi uma tragédia na minha vida, homem sem mulher é uma tristeza. Não tinha vontade pra mais nada”, explica. O que o salvou foram os sucessivos chamados de agricultores para encontrar fontes de água, necessidade que só aumenta por causa da piora das condições climáticas da região e a consequente desertificação.

Segundo ele, a necessidade de locar poços está cada vez maior porque rios, lagoas e açudes que, antes passavam alguns meses do ano com água, agora estão permanentemente secos, como é o caso da Lagoa do Brejo, vizinha a Brejo do Burgo.

“Estão desmatando tudo, estão tirando as árvores que seguram a água e chamam a chuva como o pau d’arco e o pereiro. A caatinga tá pelada, sem nada por cima, desprotegida”, lamenta seu Né. Ele não tem dúvidas que é por isso que as coisas estão se tornando mais difíceis no semiárido: “Sei o que digo, eu ainda estou em mim”.

No sítio, seu Né só consegue manter seu rebanho em pé por causa da água de dois poços que encontrou e perfurou, um deles com 94 metros de profundidade e botando água pura há mais de 25 anos. Ele faz as próprias refeições em uma palhoça que abriga também a bomba do poço, pois a pequena casa, construída no alto de uma elevação do terreno só tem estrutura para a dormida.

Esse poço é a minha felicidade. No fim de tarde, eu chamo todo mundo pra beber água”, afirma. Por “todo mundo” ele se refere aos bois, vacas e novilhos. “Cuidar de gado pra mim é um entretenimento. Aliás, cuidar de bicho e conversar, quando quiserem ouvir minhas histórias, podem vir”, convida, oferecendo a água para a equipe de reportagem matar a sede e amenizar os efeitos do calor. (FONTE; MARCO ZERO)

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JOQUINHA GONZAGA DOS 8 AOS 120 BAIXOS: PREFEITURAS PRECISAM VALORIZAR OS VERDADEIROS FORROZEIROS

Apesar da invasão das bandas eletrônicas e de cantores sertanejos nos festejos juninos,  principalmente, nos contratos envolvendo prefeituras, o legítimo herdeiro musical de Luiz Gonzaga, o sobrinho Joquinha Gonzaga arruma o chapéu de couro, afina a  sanfona, zabumba e triangulo e continua a vida de viajante, na expctativa de que neste ano de 2024 possa ganhar a estrada para fazer forró do bom.

Joquinha Gonzaga vai completar no dia (01) de abril, 72 anos  de nascimento. O sanfoneiro, cantor e compositor é neto de Januário e sobrinho de Luiz Gonzaga. João Januário Maciel, o Joquinha Gonzaga é hoje um dos poucos descendentes vivos da família.

Este ano mais uma vez o sanfoneiro busca manter vivas a memória e valorização da "indusstria cultural da sanfona, zabumba e triangulo" deixada pelo seu tio e de acordo com Joquinha Gonzaga, "cada vez mais esquecida nas principais cidades do nordeste que contratam sertanejos e bandas, deixando fora os nomes que fazem o forró verdadeiro"

A história conta que Aos 13 anos de idade ganhou um fole de oito baixos, dado pelo tio famoso, Luiz Gonzaga, que achava o sobrinho com talento de sanfoneiro.

A partir daí  Joquinha não largou mais a sanfona e tempos depois tornou-se discípulo fiel do Rei do Baião.

O primeiro disco de Joquinha Gonzaga foi lançado em 1986, intitulado “Forró, Cheiro e Chamego”. Foi a partir daí que o tio-rei via no sobrinho, o herdeiro de toda uma herançacultural. A composição Amei a Toa, parceria com João Silva, foi gravada na Voz de Luiz Gonzaga.

Após a morte de Luiz Gonzaga, em 1989,  e consequentemente a do primo Gonzaguinha, em 1990, Joquinha mudou-se para o município de Exú,  pernambucano, para cuidar dos interesses do tio e do primo, dando continuidade as atividades de implementação do “Museu do Gonzagão” no Parque “Aza” Branca.

Entre os anos de 1990 e 1993, dedicou-se aos shows regionais e nacionais procurando manter a tradição do seu mestre Luiz Gonzaga, participando ativamente de grandes eventos culturais do Nordeste. Luiz Gonzaga declarou em público que Joquinha é o seguidor cultural da Família Gonzaga.

Ao lado do tio Luiz Gonzaga, o sanfoneiro Joquinha cantou em dueto a música "Dá licença prá mais um". Joquinha Gonzaga aos 71 anos reside atualmente em Exu, Pernambuco. 

Além de sobrinho do Rei do Baião, Luiz Gonzaga, Joquinha é neto de Januário (tocador de sanfona 8 Baixos) e ainda teve como tios o Mestre da Sanfona, Zé Gonzaga, Chiquinha Gonzaga (tocadora de sanfona 8 Baixos) e Severino Januário.

Detalhe: Joquinha Gonzaga também é tocador de sanfona de 8 baixos, um instrumento quase em extinção no cenário cultural brasileiro e também por isto um dos aspectos que faz Joquinha merecedor da valorização cultural.

Contato para shows de Joquinha Gonzaga: (87) 999955829 e watSap: (87)996770618



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SETE EM CADA DEZ BRASILEIROS ACHAM QUE ÁGUA É UM BEM POUCO CUIDADO

A maioria da população brasileira tem uma avaliação negativa sobre o cuidado da água disponível no país. Uma Pesquisa da The Nature Conservancy (TNC) Brasil mostra que 73% dos brasileiros acreditam consideram a água um recurso natural muito utilizado e pouco cuidado. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (22), que é o Dia Mundial da Água.

A pesquisa A Percepção dos Brasileiros sobre Segurança Hídrica, feita pela The Nature Conservancy Brasil com o apoio técnico do Instituto Ipsos, aponta que 58% da população brasileira está muito preocupada com a falta de água. O consumo excessivo ou desperdício são vistos como os principais responsáveis por este problema na visão de 27% dos entrevistados e as mudanças climáticas aparecem em segundo lugar (21%).

Entre os entrevistados, pessoas menos escolarizadas atribuem mais a falta de água à escassez de chuvas, enquanto mais escolarizados enfatizam os problemas de gestão. Além disso, 68% da população acredita que evitar o desperdício seja a principal medida que as empresas devem adotar para proteger as nascentes e as bacias hidrográficas.

O objetivo da pesquisa é identificar o quanto a população brasileira entende a importância da conservação da natureza para garantir a proteção das nascentes e dos rios para a segurança hídrica, o desenvolvimento econômico e o bem-estar social.

O levantamento foi realizado pela Ipsos a pedido da The Nature Conservancy Brasil. Foram ouvidas 1.499 pessoas, homens e mulheres maiores de 18 anos das classes ABCDE, de todas as regiões do país, entre os dias 8 e 15 de fevereiro deste ano com uma margem de erro de 2,5 pontos percentuais.

Meio ambiente-Os brasileiros também classificam o meio ambiente como uma atenção prioritária, sendo que dentre questões como por exemplo queimadas, desmatamento, poluição do ar e descarte incorreto do lixo, os eventos climáticos extremos relacionados à água como secas e enchentes são o principal ponto de preocupação, levantado por 83% dos entrevistados.

O estudo apontou que as populações menos favorecidas indicam menor associação entre problemas ambientais e mudanças climáticas, enquanto os mais privilegiados têm um entendimento mais amplo.

Soluções-A recuperação florestal foi apontada por 45% dos ouvidos como medida mais indicada para garantir a segurança das águas, ficando atrás apenas da fiscalização das leis (53%) e dos programas de educação ambiental (50%).

A gestão integrada dos recursos hídricos entre governos, sociedade civil e empresas é apontada por 43% dos entrevistados como as principais medidas para garantir a segurança hídrica, identificando a necessidade da colaboração para o desenvolvimento de soluções mais ágeis e eficazes.

Por outro lado, 70% da população entrevistada nunca ouviu falar sobre os comitês de Bacia Hidrográfica. Entre os que conhecem os comitês, 42% não sabem qual é o seu trabalho. Atualmente existem mais de 230 comitês de bacias instituídos no país, sendo responsáveis por promover uma gestão descentralizada em esforços para aprimorar a qualidade da água. (Agencia Brasil)

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PESQUISADORES DA USP SE SURPREENDEM COM A QUANTIDADE DE LIXO A 200 KM DA COSTA BRASILEIRA

Pesquisadores da USP que investigam espécies do fundo do mar na costa brasileira fizeram uma descoberta espantosa e preocupante.

Barata do mar, peixe-bruxa, tubarão lanterna: espécies que vivem em águas onde a luz do sol não chega, entre 200 e 1.500 metros de profundidade. Foi para identificar a fauna marítima de uma área remota dos oceanos que, durante dois anos, pesquisadores da USP fizeram expedições em dois pontos a 200 km da costa brasileira.

Pesquisadores do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP) encontraram lixo nas profundezas da costa brasileira. A ideia era inicialmente analisar a vida marinha em locais profundos do oceano, utilizando uma espécie de rede de pesca para coletar material a 200 a 1.500 metros de profundidade.

No entanto, eles encontraram mais de 13 quilos de lixo em 28 dos 31 locais analisados da costa sudeste do Brasil, próximo dos estados de São Paulo e Santa Catarina.

A quantidade de lixo encontrada surpreendeu, como explicou a pesquisadora do Laboratório de Diversidade Ecologia e Evolução de Peixes, do Instituto Oceanográfico da USP, Flávia Matsumoto.

Entre o material coletado, a maior parte foi plástico; seguido de tecidos e também metais de latas de alimento. Em alguns casos, eram materiais de fabricação da Grécia, Itália, Estados Unidos ou África do Sul, que podem, segundo os pesquisadores, ter sido jogado ao mar por navios ou lixo que pode ter vindo dos rios.

Flávia disse que o grupo ainda vai analisar as consequências desse lixo para a vida marinha das profundezas do oceano.

Para tentar reverter ou minimizar, a pesquisadora ressaltou a importância de campanhas de conscientização para que a população não jogue o lixo que tenha destino o mar. Mas, ela também ponderou a dificuldade de fiscalizar navios em alto mar. 

Marcelo Melo, professor do Instituto Oceanográfico da USP,  destacou que “Uma coisa que é essencial é fazer uma parte de educação ambiental, tanto nas pessoas que moram, despejam lixo próximo ao litoral, nas prefeituras, quanto essa parte também de educação, fiscalização, das embarcações que frequentam essas regiões. Para que as pessoas se conscientizem que o mar não é um lixão onde o lixo deve ser despejado”.

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ENTENDA A ESTRATÉGIA DO BRASIL PARA A TRANSFORMAÇÃO ECOLÓGICA

Com o objetivo de adotar modelo de desenvolvimento mais sustentável no país, o Plano de Transformação Ecológica foi anunciado em setembro de 2023, no Brasil, e lançado oficialmente pelo governo federal no mês de dezembro, durante a 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP), em Dubai. A estratégia reúne políticas públicas em quase toda a estrutura do Executivo brasileiro, com ações organizadas em seis eixos e coordenadas pelo Ministério da Fazenda.

Ao todo são mais de 100 políticas públicas anunciadas, com diferentes naturezas e prazos de execução, classificadas nos eixos finanças sustentáveis, transformações tecnológicas, bioeconomia, transição energética, economia circular, infraestrutura verde e de adaptação.

Segundo a subsecretária de Desenvolvimento Sustentável da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Cristina Fróes Reis, juntas, essas ações deverão conduzir o país a abandonar um paradigma limitado e com prazo de validade e adotar um que seja sustentável nas dimensões econômica, ambiental e principalmente social.

“O Plano de Transformação Ecológica não visa somente a justiça ambiental climática, mas também uma transformação da estrutura produtiva que gere empregos de qualidade, renda e oportunidades de negócios e dessa forma vai reduzir desigualdades, sejam elas regionais, territoriais, entre o meio rural e o meio urbano, entre mulheres e homens, e gêneros, entre etnias, raças e também com um olhar para as faixas etárias”, explica.

Partindo dessa visão de readequação, o governo federal traçou uma estratégia comum para o conjunto de políticas públicas que estão sendo criadas, ou readequadas: tornar o caminho sustentável mais atraente em termos econômicos. “As vantagens, dependendo do instrumento, serão principalmente financeiras e regulatórias, de forma que na análise de custo-benefício seja favorável à sustentabilidade, seja a partir de taxas de juros mais interessantes, de condições de garantia, de novas remunerações, como o pagamento de serviços ambientais por exemplo; ou seja, de políticas afirmativas econômicas que tornem essas atividades preferidas pelo agente econômico”, diz Cristina.

A ideia é que o Estado atue como facilitador para que o Sistema Financeiro Nacional conceda incentivos às atividades econômicas sustentáveis. Com isso, haja um estímulo para novos investimentos, inclusive com recursos internacionais, ou para a migração espontânea da forma produtiva, a partir da avaliação de custo-benefício para reinvestimentos.

Políticas públicas-Duas das políticas desenhadas pelo Ministério da Fazenda são fundamentais para que a estratégia seja efetiva: a regulamentação do mercado de carbono, em fase avançada de tramitação no Congresso Nacional, e a taxonomia sustentável brasileira.

A primeira, vai precificar as emissões de gases do efeito estufa e estabelecer regras para o comércio, dentro e fora do país, do saldo positivo das metas brasileiras estabelecidas em acordos internacionais de enfrentamento à mudança climática. Esse mecanismo permitirá que outros países, com saldo negativo, possam reduzir suas emissões por meio de investimentos e transferência de tecnologia para a execução de projetos no Brasil.

A taxonomia sustentável brasileira, ainda em construção, vai classificar as atividades econômicas e os ativos financeiros de acordo com a contribuição para os objetivos climáticos, ambientais e sociais, por meio de critérios específicos estabelecidos pela Associação Internacional de Mercado de Capitais (em inglês International Capital Market Association – ICMA).

Com essas ferramentas, o governo federal poderá, inclusive desenhar de forma mais efetiva os incentivos que integrarão as iniciativas de todo o plano. Para Cristina, o papel de estruturar incentivos nas políticas públicas, desenvolvidas por diferentes órgãos, traz um novo paradigma para a própria organização do Ministério da Fazenda. “Esses instrumentos, esses incentivos, sejam eles financeiros, regulatórios tributários, fiscais, ou até mesmo de fiscalização ou monitoramento passam a ser orientados a partir dessa visão de desenvolvimento inclusivo e sustentável,” explica.

Antes mesmo de efetivar essas políticas, outras iniciativas do governo federal já passaram por reformulação alinhada à transformação ecológica, como o Plano Safra, do Ministério da Agricultura e Pecuária, por exemplo, que na atual edição ofertou melhores condições de financiamento às produções sustentáveis.

Prazos-De acordo com Cristina, a expectativa é que até 2026 todas as políticas públicas que integram o plano já estejam implementadas e que seus efeitos em termos de investimentos no país, de geração de emprego e no Produto Interno Bruno sejam efetivos. “Ainda estamos trabalhando com diferentes cálculos para quantificar esses impactos. A sociedade civil fez uma contribuição e o Ministério da Fazenda estabeleceu parcerias com algumas instituições multilaterais e bancos mundiais para chegarmos a números mais concretos sobre o impacto até o fim do governo.”

Os números apresentados pela sociedade civil foram contribuições do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável, que reuniu pesquisas do setor, em um documento apresentado ao governo federal. Entre eles, um potencial de faturamento industrial adicional de US$ 284 bilhões por ano, até 2050, por meio da bioeconomia, e um acréscimo de R$ 2,8 trilhões ao Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, pela oferta de serviços gerados pela biodiversidade.

Por outro lado, o documento também destaca a necessidade de investimentos necessários ao avanço na universalização do saneamento de até R$ 700 bilhões, para que a meta seja atingida em 2033.

“O Brasil está em um momento decisivo de sua história. Temos a oportunidade de nos tornarmos líderes globais e, ao mesmo tempo, aproveitar nossos ativos ambientais para reduzir nosso passivo social. Essa, porém, é uma janela de oportunidade única e curta”, alerta o documento.

Para Cristina, os efeitos da transformação ecológica poderão ser percebidos antes mesmo dessas projeções. “O ideal é que até 2030, tudo isso contribua tanto para a agenda dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável [agenda da Organização das Nações Unidas], quanto para as nossas metas de 2026”. (Agencia Brasil)

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SEMANA PADRE CÍCERO ACONTECE DE 20 A 24 DE MARÇO


De 20 a 24 de março, Juazeiro do Norte e a Nação Romeira festejará a 42ª edição da Semana Padre Cícero. Este ano será ainda mais festiva, pois marca a celebração dos 180 anos de nascimento do sacerdote.

A programação, pensada em parceria com a Prefeitura Municipal, contempla momentos religiosos e culturais que serão vivenciados com base no tema: “Servo de Deus Padre Cícero Romão, o missionário do sertão”. Essa reflexão é fundamentada na vida e legado apostólico do sacerdote cearense, cujos ensinamentos ultrapassaram o século e permanecem vivos ainda hoje no coração dos inúmeros devotos espalhados pelo Brasil, especialmente na Região Nordeste.

Por decisão da Comissão para as Romarias de Juazeiro do Norte, grupo formado por representantes da Basílica Santuário Nossa Senhora das Dores, Paróquia São Francisco das Chagas, Paróquia Sagrado Coração de Jesus e Colina do Horto, a temática escolhida para a Semana Padre Cícero também vai orientar todo o Ciclo de Romarias 2024 – 2025. 

“Em comunhão com a Igreja no Brasil e com a nossa Diocese de Crato, iremos refletir a partir deste tema norteador que vai ajudar os Santuários de Juazeiro do Norte e Paróquias dos Romeiros sendo referência para a nossa caminhada 2024 até a Romaria das Candeias, em fevereiro de 2025”, disse o reitor da Basílica de Nossa Senhora das Dores, Padre Cícero José.

Confira a programação:

Basílica Santuário Nossa Senhora das Dores

Juazeiro do Norte – CE

Programação da 42ª Semana Padre Cícero – 2024

Tema: Servo de Deus Padre Cícero Romão: o missionário do sertão

20 de março (Quarta-feira)

Basílica Santuário

9h – Santa Missa

12h – Santa Missa (conclusão da 1ª Romaria do Clero da Diocese de Crato)

15h – Terço da Misericórdia

18h – Terço Mariano

19h – Santa Missa (admissão dos novos coroinhas do Grupo de Coroinhas da Basílica)

Capela do Socorro

6h – Missa em sufrágio da alma do Padre Cícero

9h – Terço Mariano (programação da 1ª Romaria do Clero da Diocese de Crato)

10h – Santa Missa

16h – Santa Missa

21 de março (Quinta-feira)

Basílica Santuário

6h – Santa Missa

9h – Santa Missa

12h – Santa Missa

15h – Terço da Misericórdia

18h – Terço Mariano

19h – Santa Missa

Capela do Socorro

Missas: 7h e 16h

22 de março (Sexta-feira)

Basílica Santuário

6h – Santa Missa

9h – Santa Missa

12h – Santa Missa

14h às 17h – 4° Encontro dos Tiradores e Tiradeiras de Renovação

15h – Terço da Misericórdia

18h – Terço Mariano

19h – Santa Missa rezada em ação de graças pelos Cíceros e Cíceras e concelebrada pelos padres da Diocese de Crato que se chamam Cícero

Capela do Socorro

Missas: 7h e 16h

23 de março (Sábado)

Basílica Santuário

6h – Santa Missa

9h – Santa Missa

12h – Santa Missa

15h – Terço da Misericórdia

18h – Ofício de Nossa Senhora

19h – Santa Missa

Capela do Socorro

7h – Santa Missa

16h – Santa Missa

20h – Seresta Padre Cícero

22h – Apresentação Musical (Jota Farias)

00h – Canto de parabéns e corte do bolo de aniversário

24 de março (Domingo)

180 anos de nascimento do Padre Cícero Romão Batista e Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor

6h – Missa no largo da Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro

7h30 – Bênção e Procissão de Ramos (saída da Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro em direção à Basílica Santuário)

Missa na Basílica de Nossa Senhora das Dores após a chegada da Procissão de Ramos

12h – Missa na Basílica Santuário Nossa Senhora das Dores

16h – Missa na Basílica Santuário Nossa Senhora das Dores

17h – Missa e acolhida da Procissão das Flores no Largo do Socorro

18h – Renovação ao Sagrado Coração de Jesus e distribuição do “Café do Santo” (Largo do Socorro)

19h – Apresentação Musical do Padre Fábio de Melo (Largo do Socorro)

19h – Missa na Basílica Santuário Nossa Senhora das Dores
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LIVRO O AVESSO DA PELE VOLTA A SER ALVO DE CENSURA



O livro O Avesso da Pele, de Jeferson Tenório, incluído no Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) em 2022, foi novamente alvo de censura, desta vez em uma ação no Paraná.

Na segunda-feira (4), um ofício do Núcleo Regional da Educação de Curitiba, da Secretaria de Educação do Paraná, determinou a entrega de todos os exemplares à sede do núcleo, até sexta-feira (8). Segundo o documento, a obra passará por análise pedagógica e posterior encaminhamento.

O ofício é assinado pela chefe do NRE-Curitiba, Laura Patrícia Lopes, que justifica a ação por ter “foco na construção das aprendizagens em cada uma das etapas de escolarização”.

A Agência Brasil entrou em contato com a Secretaria da Educação do Paraná, mas até a publicação da matéria não recebeu um posicionamento.

O autor-Em sua rede social, o autor do livro vencedor do Prêmio Jabuti 2021 na categoria Romance, divulgou a cópia do ofício paranaense e escreveu que nenhuma autoridade tem o poder de mandar recolher materiais pedagógicos de uma escola: "é uma atitude inconstitucional. É um ato que fere um dos pilares da democracia que é o direito à cultura e à educação. Não se pode decidir o que os alunos devem ou não ler com uma canetada."

"São atos violentos e que remontam dias sombrios do regime militar. Inaceitável uma atitude antidemocrática como essa em pleno 2024. Não vamos aceitar qualquer tipo de censura", repudiou.

Em entrevista ao telejornal Repórter Brasil, da TV Brasil, emissora da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), nesta terça-feira (5), Jeferson Tenório, comentou outro episódio de censura ocorrido no final da semana passada.

Em vídeo divulgado nas redes sociais, a diretora da Escola Estadual de Ensino Médio Ernesto Alves de Oliveira, de Santa Cruz do Sul (RS), Janaina Venzon, leu trechos do livro e classificou como lamentável o envio do material com  “vocabulários de tão baixo nível” pelo governo federal.

Para Tenório, ambos os casos de cerceamento podem estar relacionados aos temas abordados na obra literária, como a violência policial, o racismo estrutural e críticas à precariedade da educação.

“Ele traz algumas cenas e algumas frases que são justamente utilizadas para agredir pessoas negras e periféricas. Essas frases e cenas que a [diretora Janaina] elencou são, na verdade, como as pessoas negras são vistas, como elas são sexualizadas, como elas são violentadas na sociedade."

O escritor explicou que a descrição de cenas de agressão ou os palavrões citados não estão ali gratuitamente. “Eles estão acompanhados de uma reflexão sobre aquilo. E fazer esse tipo de crítica é subestimar a inteligência dos alunos. Porque os alunos também veem dentro de casa, eles também têm saberes, conhecimentos. Eles têm acesso à internet com conteúdos terríveis, sem nenhum tipo de reflexão. E a literatura e a arte fornecem, justamente, essa reflexão.”

No Rio Grande do Sul, a secretaria estadual de educação (Seduc), por meio de nota, esclareceu que não orientou que a obra fosse retirada de bibliotecas da rede estadual de ensino.

A Seduc, então, derrubou a censura ao livro premiado nas escolas e bibliotecas. “A 6ª Coordenadoria Regional de Educação irá seguir a orientação da secretaria [estadual] e providenciar que as escolas da região usem adequadamente os livros literários”, diz a nota.

Repercussão-Em nota, o Sindicato dos(as) professores(as) e funcionários(as) de escola do Paraná (APP-Sindicato) se pronunciou sobre a decisão de recolhimento do livro.

“Esse episódio entra para história como um dia triste e reforça a necessidade de denunciar e combater a contaminação da educação pública paranaense por ideologias extremistas, conhecidas pela negação dos direitos humanos e por atentar contra a democracia, a cultura, a diversidade e a pluralidade de ideias.”

Nas redes sociais, livrarias, editoras, autoridades do governo federal, leitores e outros escritores prestam solidariedade a Jeferson Tenório.

O Ministério da Educação afirma que a aquisição das obras pelo Programa Nacional do Livro Didático se dá por meio de um chamamento público, de forma isonômica e transparente e que os títulos literários são avaliados por professores, mestres e doutores, que tenham se inscrito no banco de avaliadores do MEC.

“Os livros aprovados passam a compor um catálogo no qual as escolas podem escolher, de forma democrática, os materiais que mais se adequam à sua realidade pedagógica, tendo como diretriz o respeito ao pluralismo de concepções pedagógicas.”

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